Cientistas alemães anunciam 7ª pessoa provavelmente curada do HIV

Alemão de 60 anos recebeu transplante de medula óssea em 2015 para tratar leucemia. O HIV permanece em remissão há mais de cinco anos

Cientistas alemães anunciam 7ª pessoa provavelmente curada do HIV

Médicos do hospital universitário Charité-Universitätsmedizin Berlin, na Alemanha, anunciaram, nessa quinta-feira (18/7), o sétimo caso provável de cura do HIV do mundo após transplante de células-tronco.

 

O paciente, que teve a identidade preservada, é um homem alemão de 60 anos. Ele foi diagnosticado com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) em 2009 e, anos depois, com leucemia.

 

Todas as outras seis pessoas que já foram consideradas “provavelmente curadas do HIV” tinham a mesma característica em comum: também sofriam de câncer no sangue.

 

O homem recebeu um transplante de medula óssea no final de 2015 para tratar a leucemia. Os médicos escolheram um doador que tinha uma mutação genética que tornava as suas células resistentes à entrada do HIV.

A técnica é a mesma usada em casos anteriores de tentativa de cura do HIV. O transplante de medula óssea tem como objetivo substituir o sistema imunológico do paciente.

 

Em um comunicado à imprensa, os pesquisadores contam que o homem parou de tomar medicamentos antirretrovirais – que reduzem a quantidade de HIV no sangue – no final de 2018. O vírus permanece em remissão há cinco anos e meio, ou seja, não voltou a ser detectado no organismo dele.

 

“Estamos muito satisfeitos que o paciente esteja em boa saúde e indo bem. O fato de ele estar sob observação por mais de cinco anos e estar livre de vírus o tempo todo indica que realmente conseguimos erradicar completamente o HIV do corpo do paciente. Então, nós o consideramos curado do HIV”, afirma o médico Olaf Penack, pesquisador do Departamento de Hematologia, Oncologia e Imunologia do Charité-Universitätsmedizin Berlin.

 

Apesar disso, os pesquisadores são cautelosos sobre o anúncio da “cura”. Segundo o médico Christian Gaebler, pesquisador do hospital onde o tratamento foi feito, não é possível ter “certeza absoluta” de que todos os vestígios do HIV foram erradicados, mas “o caso do paciente é altamente sugestivo de uma cura para o HIV”. “Ele se sente bem e está entusiasmado em contribuir para nossos esforços de pesquisa”, disse o médico à agência AFP.

 

O alemão de 60 anos foi apelidado de “novo paciente de Berlim”. Timothy Ray Brown foi a primeira pessoa declarada curada do HIV em 2008, mas acabou falecendo em 2020 em decorrência de um câncer.

 

Os detalhes do caso serão apresentados na 25ª Conferência Internacional sobre aids, realizada na cidade de Munique, na Alemanha, na próxima semana.

 

 

 

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A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a aids

Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico

O uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas

O tratamento é uma combinação de medicamentos que podem variar de acordo com a carga viral, estado geral de saúde da pessoa e atividade profissional, devido aos efeitos colaterais

Em 2021, um novo medicamento para o tratamento de HIV, que combina duas diferentes substâncias em um único comprimido, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 

 

Esperança para a cura do HIV

O caso do paciente de 60 anos tem uma série de características que o tornam único, dizem os pesquisadores. A principal delas é que ele recebeu células-tronco de um doador que herdou apenas uma cópia do gene CCR5 mutado. Essa mutação bloqueia a entrada do HIV nas células do corpo.

 

Todos os outros pacientes, exceto um, receberam células-tronco de doadores que herdaram duas cópias do gene, algo extremamente raro – apenas 1% da população europeia se encaixa nesse perfil, enquanto 15% das pessoas de origem europeia têm apenas uma cópia mutada.

 

A possibilidade de haver mais doadores disponíveis para o tratamento de pessoas com HIV dá esperança aos pesquisadores.