Em Perto do coração selvagem, de Clarice Lispector, a voz narradora diz que a personagem Joana coloca sua roupa de viver todos os dias. Atravessando os belos espaços da ficção, considero esse ato primordial em nossas vidas empíricas. Ao vestir a nossa roupa de viver, precisamos beber coragem, porque como diz Guimarães Rosa, o que a vida quer da gente é coragem, e somar afetos, claro. E assim a nossa narrativa diária se equilibra repleta de vírgula; ponto contínuo; ponto e vírgula; dois pontos; travessão; aspas; e ponto de interrogação. Transitamos entre esses sinais-vida continuamente até o dia em que o ponto final resolve findar nossas experiências. Todos os sinais-vida arrefecem sem que tenhamos tempo de abrir dois pontos para a despedida ou qualquer amenidade a nossos familiares, amigos e pessoas de nossa predileção. O ponto final é o grande mistério de nossa narrativa-vida.
Aproveitemos todos os sinais de nossa breve narrativa...
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