PM e irmão empresário são presos em operação que apura fraudes envolvendo Auxílio Emergencial
A ação foi batizada de Operação Bazófia em alusão à ostentação dos investigados nas redes sociais.
O policial militar do Maranhão Gonçalo Matos de Aguiar Neto, seu irmão, o empresário Ricardo Rômulo de Sousa, e o pai, João Neto Matos de Aguiar, foram presos na manhã desta quinta-feira (28), em Teresina, durante a operação Bazófia. A ação, deflagrada pela Polícia Federal, busca desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes relacionadas ao Auxílio Emergencial no Piauí e no Maranhão.
PRISÕES E FORAGIDOS
Até o momento, a polícia prendeu 11 pessoas e três seguem foragidas. Um dos foragidos foi alvo da Polícia Civil em setembro, durante uma operação que resultou na morte do policial do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Marcelo Soares da Costa, de 42 anos.
Escritório do crime
A ação foi batizada de Operação Bazólia em alusão à ostentação dos investigados nas redes sociais. De acordo com o delegado Eduardo Monteiro, da Polícia Federal, as investigações tiveram início há dois anos, com a identificação de fraudes relacionadas ao Auxílio Emergencial.
Com o avanço da apuração, foi constado que o grupo ampliou sua atuação para fraudes bancárias mais sofisticadas, operando a partir de um chamado “escritório do crime” sediado em Teresina.
"O escritório funcionava em uma casa alugada, onde tinham oito funcionários trabalhando só para executar fraudes bancárias. Eles tinham um braço na cidade de Bacabal, mas as operações funcionavam mais em Teresina. O líder da organização e outros membros são oriundos da cidade de Bacabal, Maranhão.
O grupo se apropriava de chips de celular e os utilizava para registrar as vítimas no aplicativo Caixa Tem, criado para viabilizar o pagamento do auxílio emergencial. A partir dessas contas, os criminosos emitiam boletos e realizavam transferências financeiras. Os valores desviados eram inicialmente direcionados para contas intermediárias, dificultando o rastreamento, antes de chegarem às contas dos integrantes da organização.
Até o momento, a PF não encontrou evidências de envolvimento de funcionários da Caixa Econômica Federal no esquema. Foram apreendidos milhares de chips de celular associados ao grupo, evidenciando o grande número de vítimas.
PREJUÍDO DE ATÉ R$ 130 mil
“No início das investigações, estimávamos um prejuízo de R$ 130 mil. Contudo, considerando o patrimônio acumulado pelos envolvidos e o número de vítimas, sabemos que os valores ultrapassam esse montante. Ainda estamos processando o material apreendido para calcular o prejuízo total”, destacou Monteiro.
PERFIL DOS ENVOLVIDOS
Entre os bens apreendidos estão oito carros de luxo, um jet ski, joias, bolsas de grife e uma arma de fogo, além de dinheiro em espécie.
Os investigados têm entre 20 e 40 anos, com destaque para mulheres que mantinham um padrão de vida incompatível com a ausência de renda lícita. Segundo o delegado, “eles exibiam sua ostentação em redes sociais, com viagens, festas e carros de luxo. A organização era liderada por membros da mesma família, incluindo o policial militar Gonçalo Matos, que, apesar de residir em Teresina, era lotado no Maranhão.”
Embora ainda não tenha sido comprovada a participação direta da família do policial Gonçalo Matos nas fraudes bancárias, os três são acusados de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro. O grupo utilizava empresas de fachada para movimentar os valores obtidos ilicitamente.